A situação da segurança pública na região de Guajará-Mirim continua preocupante, embora nem todas as autoridades do setor admitam os vários casos de violência e crimes praticados na Pérola do Mamoré, nos últimos dias. Em matéria divulgada recentemente, o jornal Guajará Notícias chamou a atenção das autoridades estaduais, no sentido de cobrar o aumento do efetivo das forças de segurança no município de Guajará-Mirim e as cobranças foram feitas para dar voz às constantes reclamações das vítimas dos crimes e de diversas outras pessoas que sentem na pele a sensação de insegurança.
Após a publicação, o comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar reagiu e publicou uma nota na qual cita dados estatísticos que, na opinião dele, deveriam servir para acalmar a população, mas que, na verdade, é uma tentativa de minimizar os fatos. A citada nota sugere, ainda, que órgãos da imprensa espalham o terror e pânico na população, porém é uma interpretação um tanto quanto distorcida. Basta verificarmos que, esta semana, criminosos invadiram a residência de um ex-policial e furtaram uma motocicleta. Além disso, esta semana, bandidos entraram em uma residência, amarram as pessoas que estavam na casa e roubaram vários objetos, no setor rural do município de Guajará-Mirim. Qualquer manifestação das autoridades, no sentido de tentar passar a imagem de que a situação está tranquila e sob controle, não reflete a realidade, porque os crimes praticados causam, sim, medo e terror na população. Ninguém ficaria contente de ter sua casa arrombada, os familiares amarrados e seus bens furtados e isto não é mero acaso.
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Assim, a intenção do jornal Guajará Notícias é deixar claro que muitos desses crimes ocorrem porque os criminosos também percebem que as forças policiais possuem um efetivo reduzido e esta realidade é muito negativa para um município localizado na fronteira. É necessário esclarecer, ainda, que este veículo de comunicação sempre atuou como parceiro de primeira hora das instituições de segurança em Guajará-Mirim e jamais houve qualquer tentativa de produzir uma imagem negativa da Polícia Civil, da Polícia Militar ou demais instituições da segurança. Entretanto, as autoridades locais precisam admitir que a realidade é preocupante e que alguma medida precisa ser adotada. É justamente nesse sentido que temos cobrado do governo de Rondônia o aumento do número de policiais militares e civis em Guajará-Mirim, porque a presença da polícia nas ruas certamente tem efeitos que inibem a ação de bandidos. Claro que não é possível cobrar do comandante da PM ou do Delegado Regional de Polícia Civil que contrate policiais, porque isso é atribuição do Poder Executivo estadual, visto que a segurança pública é um direito constitucional da população e um dever do Estado.
Os poucos policiais em atividade certamente reconhecem que é necessário aumentar o efetivo, porque, muitas vezes, eles são sacrificados em seus plantões, exatamente pelo baixo número de policiais. Por questões de hierarquia, é compreensível que o comandante da Polícia Militar não se manifeste publicamente para cobrar do governador que resolva o problema da falta de policiais, da compra de novos equipamentos e outros aspectos que comprometem uma ação mais eficaz das polícias na Pérola do Mamoré. Como é de conhecimento de todos, é raro ver o comandante de um batalhão nas ruas, atuando no combate ao crime, porque esta função é exercida por soldados, cabos e sargentos. Nem mesmo os subtenentes são colocados em missões externas. Negar que faltam policiais é tentar iludir a população e dizer ao governador que tudo está bem na fronteira, quando a realidade é bem diferente.
As autoridades policiais da fronteira precisam entender que nenhum jornalista tem interesse em manchar a imagem das instituições de segurança, mas não dá para aceitar, com naturalidade, roubos, furtos, assaltos e outros crimes que ocorrem em Guajará-Mirim. Muitos desses delitos seriam evitados, caso o número de policiais fosse maior e ninguém pode negar essa estatística, assim como não dá para negar que os últimos crimes provocam medo na população. Por estes motivos, o jornal Guajará Notícias seguirá cobrando do governo estadual que adote as medidas necessárias para melhorar o policiamento na fronteira, ainda que algumas autoridades tentem mostrar estatísticas com a intenção de dizer que a imprensa exagera. Não há nenhum exagero em divulgar que bandidos estão entrando em residências de Guajará-Mirim e que isto pode acontecer com qualquer família.
NOTA DO 6º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR
O 6º Batalhão de Polícia Militar em seu mister de bem servir a sociedade Guajaramirense e compromissado em levar ao cidadão informações fidedignas, extraídas de banco de dados oficiais, com o objetivo de atualizar a sociedade sobre ações policiais e os resultados alcançados com a nova estratégia operacional, implementada pelo 6º BPM, no enfrentamento ao crime e criminoso na área do Batalhão, desta forma, visando esclarecer possíveis distorções divulgadas em conteúdos jornalísticos, publicada em Site deste município, onde direciona para um aumento exagerado dos índices criminais de forma a “causar medo e terror” na população. De fato, o crime causa medo e terror às suas vítimas, entretanto, a polícia militar, trabalhando de forma técnica, através de projeções, análises criminais e direcionamento do policiamento para o problema, tem mantido sob controle os índices criminais e reduzindo significativamente a estatística de crimes de roubos. A matéria jornalística destaca o bairro Liberdade e faz referência genérica aos bairros adjacentes, neste contexto, apresentamos os seguintes dados registrados no sistema de atendimento da polícia militar, que reflete a quantidade de acionamentos das Guarnições de Radiopatrulhamento, para atendimento de ocorrências de furtos e roubos no bairro citado e adjacências.
No período de 01/01/2024 à 19/06/2024 a polícia militar realizou os seguintes registros:
Bairro Liberdade: 15 (quinze) furtos e 04 (quatro) roubos, o que resulta em uma média de menos de 03 (três) furtos por mês, e menos de 01 (roubo) por mês, atendidos pela polícia militar, no respectivo bairro.
Bairros Adjacentes:
Bairro Próspero: 13 (treze) furtos e 02 Roubos – média abaixo de 03 (furtos) por mês, e de praticamente 01 (um) roubo a cada 03 meses, atendidos pela Polícia Militar.
Bairro Nossa S. de Fátima: 08 (oito) atendimentos a furtos e 02 (dois) atendimentos a roubos - média abaixo de 02 (dois) furtos atendidos por mês e de atendimento de 01 (um) roubo a cada 03 meses, praticamente.
Bairro Dez de Abril: 09 (nove) registros de furtos atendidos pela PM e 06 (seis) roubos - o que resulta em uma média abaixo de 02 (dois) furtos por mês, e média de 01 (um) roubo a cada mês, atendidos pela polícia militar.
Para fins de comparação, no mesmo período do ano de 2023, foram atendidas pela Polícia Militar, no bairro Liberdade, 14 ocorrências de furtos e 04 de roubos.
Todos esses dados estão consignados no sistema de atendimento da Polícia Militar (SISEG), onde ficam computados todos os registros de ocorrências realizados.
Entretanto, sabemos da possibilidade de subnotificação de cifras criminais, onde, por algum motivo, a vítima não solicita o atendimento à polícia militar e, em decorrência, não há como computar por ausência de oficialização do crime. Assim, ressaltamos à sociedade, a importância e necessidade de registro do crime para que as forças de segurança tenham dimensão real do problema e consiga convergir esforços para atuar no combate ao crime.
Outrossim, ressaltamos que a polícia militar atua na prevenção e repressão ao crime, porém, há a necessidade de atuação de outros setores e núcleos familiares para impedir que jovens e adultos ingressem no mundo criminal, e isso foge da competência constitucional das forças policiais. Não adianta apenas agir no problema (combater crime e criminoso) se não houver ações, na base, para que novas pessoas não ingressem no cenário delituoso.
Por fim, solicitamos que a população continue ajudando as forças policiais, com informações relevantes, para que, cada vez mais, consigamos êxito sobre o crime, em alinhamento com o prisma constitucional de que segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.
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