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GUAJARÁ-MIRIM: A HISTÓRIA, A MEMÓRIA E OS HERDEIROS POLÍTICOS...

O município de Guajará-Mirim, ainda que os políticos mais neófitos da segunda cidade mais antiga de Rondônia

17/02/2025 às 08h51 Atualizada em 17/02/2025 às 20h01
Por: João Teixeira Fonte: Fonte: Francisco Xavier Gomes - Professor da Rede Estadual e Jornalista
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O município de Guajará-Mirim, ainda que os  políticos mais neófitos da segunda cidade mais antiga de Rondônia não queiram, ou não percebam, é uma das maiores marcas do desbravamento, nesta importante região da América do Sul. Ficando atrás apenas da história da capital, por uma pequena diferença de 14 anos, Guajará-Mirim guarda os principais registros do povoamento do nosso estado e a expressão “sentinelas avançadas”, eternizada na letra do Hino de Rondônia, alude exatamente ao aspecto fronteiriço, uma vez que a história dos laços culturais e de amizade com a vizinha Bolívia são seculares. Todavia, nem todas as marcas culturais entre os dois países é percebida na vida real, e a Bolívia nos ensina que os cemitérios devem ser muito bem preservados, porque eles abrigam a história, a memória afetiva, a nostalgia, a saudade... Nossos irmãos bolivianos são um excelente exemplo de respeito aos mortos e à memória de uma cidade. Mas o cemitério de Guajará-Mirim é prova clara de que, infelizmente, não assimilamos esse saudável hábito...

A formação da população de Guajará-Mirim é um tema que poderia perfeitamente ser objeto de teses das mais importantes, em cursos de mestrado, doutorado e mesmo no ensino básico, porque as novas gerações têm direito de saber de onde vieram e como se deu a história. Há os negros do Vale do Guaporé, os nordestinos, indígenas, os bolivianos, libaneses, gregos, franceses, espanhóis, italianos... Não há historiador em Rondônia que consiga listar, com precisão, todos os povos que fazem parte da formação da população da Pérola do Mamoré. Esta memória não pode ser esquecida, o Hino de Rondônia não pode ser ignorado de forma tão descabida!!! É justamente por isso que o poeta Joaquim de Araújo Lima registrou, de forma brilhante, em uma das estrofes do hino, o seguinte: “...Braços e mentes forjam cantando/A apoteose deste rincão/Que com orgulho exaltaremos, /Enquanto nos palpita o coração...” Em respeito ao autor da letra de um dos mais belos hinos dos estados brasileiros, nós temos o dever de exaltar a memória de todas as pessoas que dedicaram a vida inteira para construir a Pérola do Mamoré. Lamentavelmente, em relação ao cemitério de Guajará-Mirim, o único trecho do hino que pode ser lembrado, numa visita ao local, é “nossas matas”. Embora o hino traga essa expressão três vezes, não podemos ter uma interpretação tão literal da expressão “nossas matas”. Ela não pode ser aplicada ao caso do cemitério, mas o matagal ali está horrível...

Esta semana, infelizmente, fui ao cemitério de Guajará-Mirim, para o sepultamento de minha mãe, Firmina Mendes Gomes, uma quase centenária filha deste município. Que decepção!! O matagal está horrível! Para mim, algumas das pessoas mais importantes sepultadas no histórico Cemitério Santa Cruz são: João Laudelino Mendes (meu avô materno); Julião Gomes (meu avô paterno); Flaviana Lopes (minha avó paterna); Firmina Mendes Gomes (minha mãe); Eva da Conceição Gomes (minha irmã); além de um grande número de outros familiares igualmente importantes que considero citados e representados pelos nomes da lista, como tios, tias, primos, primas, sobrinhas, sobrinhos, amigos, amigas... Para nossa família, essas pessoas serão eternos laços de afeto e da nossa história em Guajará-Mirim. No entanto, os registros deste texto não tratam de mera relação de parentesco. As inscrições em centenas de jazigos no citado cemitério nos obrigam a tratar com todo o zelo e respeito possíveis da manutenção do local. Há registros do século XIX... Muitas pessoas igualmente muito importantes da história deste município estão sepultadas no Santa Cruz. Manoel Boucinhas (o primeiro prefeito da cidade); José Mendonça Lima (o primeiro presidente da Câmara Municipal); Tanous Melhem Bouchabki ( um dos mais históricos e respeitados pioneiros da cidade); Jorge Vassilakis ( um inesquecível incentivador da cultura e doador do terreno onde está construído o Campus da UNIR); Salomão Silva (ex-prefeito, ex-presidente da Câmara Municipal, professor histórico e um dos homens mais respeitados da história do município); Isaac Bennesby (um dos maiores prefeitos da história de Guajará); Francisco Bartolomeu de Almeida (ex-presidente da Câmara); Jorge Jorge Youssif Abichabki (ex-presidente da Câmara Municipal); e centenas de outras personalidades que possuem o mesmo valor histórico, afetivo e cultural para nossa querida Guajará-Mirim. Pedro Natanael da Silva (pai do prefeito Netinho, não está no Santa Cruz, mas foi sepultado em Guajará-Mirim).  Claro que a citação destes nomes serve para representar todas as demais pessoas sepultadas que não estão nominadas no texto, mas que serão, inevitavelmente, citadas por todas as pessoas que puderem ler estes registros...

E, que fique bem claro: a intenção aqui não é criticar o prefeito Netinho, que conheço desde os primeiros dez ou 15 dias de vida. Ele está no cargo há menos de dois meses, e não há nenhuma razão para ser considerado culpado pelo descaso, em relação ao nosso cemitério. Porém, espero que ele leia este texto, porque ele sabe dos laços que tive com Salomão Silva e Pedrinho, citados por mim. As citações dessas duas importantes personalidades não são aleatórias! Quantos aos demais políticos em atividade na cidade, tenho absoluta convicção de que todos eles têm familiares no Santa Cruz. Então, em respeito à nossa história, em respeito à memória de todas as pessoas sepultadas em Guajará-Mirim, em respeito à história de Rondônia e à letra do nosso hino, temos o dever de, no mínimo, copiar o exemplo dos irmãos bolivianos, na tradição de cuidar de cemitérios. Os bolivianos cuidam, com muito zelo, de seus cemitérios, todos os dias do ano. Se nós fizermos um esforço para cuidar do cemitério local, poderemos ter excelente oportunidade de dizer que nossos antepassados, ascendentes ou descendentes, já se foram, mas que não abrimos mão de lembrar de mais um trecho do hino de Rondônia: “aqui toda vida se engalana”. Para isso, meus ilustres conterrâneos, é muito importante e necessário que o matagal do cemitério Santa Cruz não tenha vida, de janeiro a janeiro. Isto é um dever de todos os herdeiros políticos de Guajará-Mirim... Tenho dito!!!

                                           FRANCISCO XAVIER GOMES

                                Professor da Rede Estadual e Jornalista

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